Nunca aceite menos do que você merece

Juro que tentei pensar em algo melhor para descrever essa situação toda, mas honestamente não consegui... Vou tentar não colocar um clickbait desse tipo da próxima vez ok?

Enfim, vocês se lembram que na postagem passada eu falei sobre uma situação que me ocorreu e tinha me deixado muito mal? Não se preocupem, não se trata de nada muito grave, como acidente ou internação, coisas do tipo, mas tem a ver com meu estado emocional e, digamos, profissional.


Na semana passada (8 e 9 de maio), foi fazer um teste em um pet shop para ser banhista, afinal, concluí o curso no começo do ano e procurava algo na área para conseguir trabalhar, considerando que pet shop e casas de banho e tosa são o que não falta na minha cidade, inclusive no meu bairro. Já que mesmo possuindo uma graduação superior e tecnológica está bastante difícil, pensei em algo mais prático e que tivesse campo por aqui, por isso optei por fazer esse curso, ainda mais que também tenho muito carinho e amor por animais.

Whatever, fui fazer teste nesse tal pet shop, que fica do outro lado da cidade, no centro comercial na entrada de um condomínio fechado e de luxo. Além de pet shop, ali também era um hotelzinho, creche e oferecia aulas de natação. A maioria dos cachorros e gatos que eram levados lá eram dos moradores desse condomínio. O pet shop também oferece serviço de leva e traz, então a dona ia direto buscar e levar os "clientes".

Comecei a trabalhar lá às 8h30 da quarta-feira e a minha "colega de trabalho" foi me explicando onde ficava cada coisa, como a banheira, soprador, secador, rasquedeiras, a secadora para animais grandes e de pelo curto, enfim. Estava bastante confiante, pois tinha meu diploma de garantia de um bom aprendizado, e ia trabalhar com uma das coisas que mais amo fazer, que é interagir com animais!

Nem bem comecei a atender os cachorrinhos que apareciam e a minha colega começou a achar defeito em qualquer coisa que eu fazia. Muitas vezes até tirando a mangueira ou soprador da minha mão e dizendo que ela faria no meu lugar e que era pra procurar outra coisa pra fazer enquanto isso. Mas não era toda hora que tinha "clientes" para atender, então eu procurava secar e passar pano no chão, estender as toalhas molhadas no varal e limpar as rasquedeiras dos pelos de outros cachorros que haviam sido atendidos. Nas raras vezes que conseguia fazer meu trabalho até o fim, a minha "patroa" fazia cara feia e não se contentava com o que eu fazia.

Poxa, eu me dedicava cem por cento à cada cachorro que dava banho, secava e escovava que até demorava nisso pelo fato de querer fazer bem feito. Melhor demorar e fazer o serviço completo do que rápido demais e pela metade, certo?

Continuando, essa minha patroa ficava com a responsabilidade de tosar os animais e levar de volta aos donos, mas mesmo com os bichos escovados perfeitamente e com todos os nós tirados ela achava um defeito. Um, porque não tava bem seco as orelhas, sendo que era uma das últimas coisas que eu secava por que cachorro nenhum gosta do barulho daquele secador e não pára quieto. Outro, porque o pelo estava muito armado, quando o cachorro ficava o tempo todo se sacudindo e balançando o pelo seco. Lógicamente que vai armar, né?

Não contente, no final do expediente de quinta-feira, que tivemos um movimento mais intenso, estava dando banho em um dos últimos clientes quando a patroa diz que tinha mais três cachorros da creche que iam tomar banho antes de voltarem pra casa. Eu, querendo mostrar pró-atividade e serviço, disse que dava banho no Dylan, um border collie lindo e de porte grande, que só ia terminar o que estava fazendo e atenderia ele. Ela me vira e fala o seguinte: "Se preocupe com o que você está fazendo, não com o que vai vir depois".

Vocês não tem noção de como me senti horrível naquele momento... eu fiz que sim com a cabeça, engolindo o choro, mesmo com toda a humilhação daqueles dois dias. Durante esse tempo todo tive que ouvir o que não merecia, algumas vezes tentando argumentar, e minha "colega" dizendo que era petulante e tinha que baixar a cabeça. Agora sou obrigada a ficar quieta quando vejo alguma injustiça sendo feita comigo? Tenha santa paciência!

Quando cheguei em casa na quinta-feira a noite, eu estava só o pó, física e mentalmente. Desabafei com meus pais o que tinha acontecido, e eles me aconselharam a não ir na sexta-feira, pois mesmo precisando do emprego, ningué merece passar por humilhação nenhuma. Eu concordei e decidi não ir no dia seguinte, de tão cansada e angustiada. Meu pai até disse que passaria lá para receber os dias que fiz o teste, mas disse pra deixar quieto, pois não queria que ele arranjasse confusão por minha causa, e meu pai é bem pavio curto, se irrita fácilmente, então... ia sobrar pra ele.

O que eu quero dizer depois de tudo isso? Por mais que vocês estejam desesperados por algum emprego, jamais se submetam a humilhações e situações vexatórias. Nunca aceitem menos do que vocês merecem, ok? Não deixem ninguém diminuir sua capacidade, seja na sua frente ou na frente de outras pessoas. Não se calem.

Ufa, tirei um peso enorme das costas escrevendo isso. Não gosto de ficar acumulando sentimentos ruins dentro de mim assim, por isso resolvi contar o que aconteceu.

Espero que de uma certa forma, tenha inspirado vocês a refletirem sobre as situações que fizeram/fazem vocês se sentirem inferiores, pois só com a nossa voz faremos isso mudar no mercado de trabalho para a nossa geração, e gerações futuras!

Um abraço motivacional e

até o próximo post!